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domingo, 16 de junho de 2013

A oração nossa de cada dia (Carlos Queiroz)




Sempre li e re-li, ao mesmo tempo que buscava refletir e praticar a oração. Tive, inclusive, a ciência de que não adiantaria ler sem praticar; por outro lado, sabendo que “não oramos como convém”, quis ter uma concepção bem formada, definida e fundamentada sobre o ato de orar. Aprendi, assim, que orar seria essa via de mão dupla, entre a prática e o aprendizado do que se diz sobre ela, principalmente no tocante ao texto sagrado.
Quando vi que o novo livro de Carlos Queiroz abordaria uma temática referente à oração, imediatamente e involuntariamente pensei: “já falaram tanto sobre oração, todavia, tenho certeza que Carlinhos trará uma reflexão nova e equilibrada”, e foi, exatamente, essa a minha concepção inicial e final acerca da obra. Faço questão de lembrar que esse breve comentário não possui caráter acadêmico, trata-se apenas de um pequeno texto, costumeiro, ao final de minhas leituras.
Em “A oração nossa de cada dia”, Carlinhos mantem o estilo que me cativou logo na minha primeira leitura de seus escritos, “As faces de um mito”; somando a isso uma hermenêutica equilibrada, tendo como inspiração maior a fugura de Jesus Cristo de Nazaré, como ele mesmo gosta de chamar. Não busquei, com essa leitura, aprender a orar, mas sim, buscar contribuições para minha vida com Deus através da oração. Encontrei uma reflexão bem fundamentada acerca da oração do pai nosso, fazendo uma ponte com a nossa vida diária e desvinculando essa oração do padrão religioso, que transformou-a em uma mera liturgia e, por que não dizer, em moeda religiosa. Assim, é resgatada a perspecctiva de Jesus, tendo a oração como um estilo de vida e não como um monólogo de um homem para com a sua divindade. Aprendemos com o mestre a não só orar o pai nosso, mas a viver o pai nosso.
Reflete-se, também, logo no início do livro sobre como não devemos orar, nesse ponto, somos lembrados dos ensinamentos de Jesus acerca dos hipócritas, que oram em pé, nas praças, com a finalidade de serem notados. Logo não oram com o propósito de estabelecer um relacionamento com Deus, mas de ganharem a glória dos homens, querem ser reconhecidos como espirituais, quando, na verdade, estão imersos em um profundo poço de hipocrisia. Tais pessoas, geralmente, são donos de um perfil arrogante, que apontam o erro alheio, para encobrir os seus próprios; estão sempre mais preocupados com os seus ritos do que com pessoas, veja-se isso quando Jesus cura em um sábado, não importava se alguém alcançou uma graça de Deus, importava que as suas tradições e liturgias não fossem violadas. Todavia, somos lembrados, pelo próprio Jesus, que essas pessoas já obiveram sua glória ou recompensa. (Mt 6. 5).
Portanto, aprendemos a orar, não para alimentar o nosso ego, mas para reduzí-lo, nos esvaziando de nós mesmos e nos enchendo da intimidade que o pai nos proporciona, e ele nos convida para essa intimidade, não para entrar no nosso quarto convencional, mas no tameion, onde está a bagunça da nossa vida, onde pessoas estranhas ou pouco íntimas jamais entrariam. Jesus, aqui, figura como aquele que é tão íntimo, que não só entra no nosso tameion, mas, também, é quem o organiza. Cada frase, cada prece, que se faz na oração do pai nosso é uma oração que nos ensina a viver da maneira que Jesus Cristo de Nazaré ensina aos seus discípulos, relembrando que vivemos o Reino de Deus e dessa forma, a sua vontade prevalece sobre a nossa,. Aassim, o papel da nossa oração é interceder para que a vontade de Deus se cumpra em nossas vidas, tendo em mente que, a vontade dele é sempre melhor e superior à nossa, haja vista todo o tamanho da sua onisciência.

sexta-feira, 29 de março de 2013

As confissões do pastor Caio Fábio


Em visita à biblioteca particular de um amigo, me deparei com a autobiografia “Confissões do pastor”, de Caio Fábio. Nunca fui um grande leitor de biografias, nem tampouco de autobiografias, mas ler sobre Caio, sabendo que aqueles escritos ganharam forma com o seu próprio punho, parecia-me instigante. 
Conheci Caio Fábio em um momento que, em minha mente, havia uma grande crise acerca da identidade dos líderes religiosos. Conheci muitos padres, pastores e outros líderes, que sua maneira de viver não condizia com o título de seguidores de Cristo. Homens destruídos pelo próprio ego; julgavam-se semideuses, nem sempre com palavras, é verdade; viam-se superiores, em relação às suas ovelhas.
Nesse mar de questionamentos, que estavam matando a minha mente afogada em uma maré alta, conheçi, por internet, um pastor com uma linguagem clara, uma postura admirável e sem deixar de ser simples. Aliás, esse estilo próprio e autêntico foi o que, primeiro, me chamou a atenção, afinal de contas, era um pastor com cara de hippie. Foi uma admiração surreal à primeira vista, e, vale lembrar, que tudo isso aconteceu posteriormente aos escândalos envolvendo a sua figura.
Seu jeito, completamente diferente do estereótipo de pastor que foi importado, me cativou. Principalmente, porque não é nessa projeção midiática que enxergo a representação de um homem de Deus. Caio Fábio esteve na mídia, mas nunca se deixou moldar pelos padrões e valores desta ferramenta que por vezes é boa e outras, é alienadora.
Fiquei, acima de tudo, impressionado com a propriedade com que Caio narra sua própria história de vida. Em momento algum parecia que eu estava lendo, e sim, ouvindo a voz grave do Caio narrador. Isso me proporcionou uma emoção a mais, digo a mais porque emoção não faltou em nenhuma linha, sequer, da história do admirável pastor.
Toda essa emoção que brotava das palavras me fazia sentir uma sensação esquisita de mistura de opostos: vi na obra Romantismo e Realismo, objetividade e subjetividade. Caio deu voz ao sentimento, deixou ele mesmo falar bem alto, num sentimento tão penetrante que mesmo quando deixava a leitura, parecia continuar nela.
Identifiquei-me com várias partes da história de Caio e, tive a sensação de chegar a um ponto que minhas experiências de vida e limitaram diante das tantas do pastor. Isso também me trouxe o sentimento de prever alguns pontos que ainda estão por vir na minha vida. Vi-me no adolescente rebelde, que Deus livrou tantas vezes e, também, no jovem renovado e inflamado pelo amor de Cristo. Além disso, fui direcionado, pelo livro a buscar e valorizar os desvalorizados. Deslumbrei-me com os sermões que foram pregados em penitenciárias de segurança máxima; com as ações nas favelas; com a Fábrica de Esperança, com a VINDE e, sem dúvidas, com a coragem, que desafiou políticos, religiosos (inclusive os da sua denominação e de outras) e traficantes.
Como leitor, o que mais temo é me decepcionar com a obra que me proponho a ler. Com certeza esse não é o caso das emocionantes confissões de Caio Fábio.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Eu quero ser pastor




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Aos 21 anos, um jovem já deve, no mínimo, ter decidido o que quer pra sua vida. Alguns nessa idade já estão terminando a faculdade, outros entrando, outros tentando entrar, mas o fato é que todos querem “ganhar suas vidas”, tornarem mais certo e estável o seu futuro.
Eu, apesar de estar concluindo um curso que amo, me preparando para uma profissão que quero exercer, mesmo assim, sinto além de uma vocação, um chamado para renunciar à minha vida pra que outras possam viver; deixar de sonhar os meus sonhos, pra orar pelos sonhos de outros; deixar de me preocupar com minhas ansiedades pra dividir, com outros, as suas ansiedades; deixar as ovelhas no aprisco, pra ir à procura de uma que se perdeu.
Talvez esse seja um plano incomum entre pessoas da minha idade, talvez alguém pense que eu deva tentar ganhar muito dinheiro, ter uma profissão de alto prestígio social, talvez alguém diga que é loucura; todavia, meu desejo é acordar todas as manhãs para o Senhor, se em fartura ou escassez, se em meio à riqueza ou a pobreza, se em tempos de paz ou de guerra; meu desejo é ir ao encontro dos que se perdem, resgatar os que já estão perdidos. Se eu viver, quero que seja para o Senhor, para a vocação que Ele me designou.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tudo posso naquele que me fortalece



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As palavras de Filipenses 4:13 estão no rol das mais conhecidas e citadas do apóstolo Paulo. Isso seria louvável se elas fossem lembradas, hoje, pelo seu real motivo. Em uma das mais absurdas distorções do texto bíblico, pregadores de autoajuda e pessoas desesperadas por conforto, fazem uso desse texto para pregar um ideal de fé que não é o mesmo de Tiago, por exemplo.

Não é incomum o uso da frase “Tudo posso naquele que me fortalece” para pedirem a Deus um carro do ano, uma casa confortável, uma mesa farta ou um emprego prestigiado. Porque as pessoas se acostumaram a viver nesse caminho largo que a vaidade proporciona.

Contudo, gostaria de fazer menção, e lembrar, do contexto em que essas palavras foram ditas. O Seu autor, escrevendo aos filipenses, fazia uma espécie de retrospectiva ministerial. Lembrava-se da pobreza que enfrentou, dos açoites, das prisões e de todo tipo de sofrimento que alguém que realmente toma o legado de Cristo enfrenta.

Nessas palavras, Paulo estava apenas dizendo que aprendera a viver tanto na pobreza quanto na riqueza, que “poderia hospedar-se em um cinco estrelas ou em uma penitenciária do Oriente Médio”, como bem exemplifica Ed René Kivitz. Tanto poderia estar na fartura, quanto na escassez, na alegria ou na tristeza, porque havia um Deus que o fortalecia.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Filhos autossuficientes, clamor na necessidade



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Não sei se pelo fato de meu pai haver falecido quando eu tinha 5 anos de idade, mas cresci extremamente dependente de minha mãe. Ontem mesmo ela me dizia acerca de sua preocupação comigo, no futuro, em virtude dessa dependência. Esse meu modo de ser me faz estranhar o comportamento de filhos autossuficientes, que pensam, que decidem, que buscam, que tudo fazem sem o apoio paterno. Coincidência ou não, no último caso, quando já não pode agir sozinho esse tipo de filho procura o pai como última porta de escape.
Aconteceu parecido com o filho pródigo, seu sentimento egoísta o afastou de seu pai, ele achava que poderia administrar sua herança sozinho, mas ao contrário, gastou tudo o que tinha da maneira mais irresponsável possível. Depois de chegar, literalmente, à lama, como porta de escape, decide procurar o pai.
Isso me leva a pensar no nosso relacionamento com o Pai do Céu. Muitos filhos têm sido autossuficientes em relação a Deus, trilham os seus próprios caminhos, sonham os seus próprios sonhos e sequer se importam em saber o que Deus pensa a respeito. Em quase todos os casos voltam a Deus, se perguntando onde e em que erraram, outros tentam aliviar o peso da culpa lançando-a sobre o Pai, é a autossuficiência que gera aqueles que chamam apenas nos piores dias.
Temos um Pai a quem podemos confiar o nosso caminho. Por que trilhá-lo sozinho?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Rápidas palavras: Nietzsche e o Cristianismo



                                                          
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Entre minhas muitas folheadas me deparei, ontem, com uma conhecida obra de Nietzsche: “O anticristo”, que também pode ser lido como “O anticristão”. O polêmico filósofo alemão é de origem cristã, para ser preciso, nasceu em uma família luterana e era neto de pastores protestantes.
Diante disso, imagina-se: “Nietzsche realmente conhecia o Cristianismo”. Engana-se que pensa assim, o filósofo, provavelmente, nunca experimentou viver com Cristo, e se experimentou, deixou-se enganar, como muitos.
Nietzsche baseia-se nas ideias de filósofos como Feuerbach, Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895), que defendem a ideia que não foi Deus quem criou o homem e sim, o homem seria o criador de Deus, como um escape ou um conforto psicológico para se ter, em um ser, todos os seus desejos, por exemplo, imortalidade, sabedoria, onipresença, onipotência e onisciência. O filósofo alemão defendeu ainda que "O Evangelho morreu na cruz.", assim o único cristão seria o próprio Cristo.
O pior de tudo é que as pessoas, assim como o tal filósofo, costumeiramente, falam e, falam muito, de coisas sobre a qual não têm conhecimento algum. Nietzsche poderia conhecer todas as doutrinas cristãs, as ideias de grandes teólogos, mas algo que ele, provavelmente, nunca conheceu foi o amor de Cristo e, como já foi dito, se experimentou deixou-se levar pelas falsas doutrinas que Judas tanto nos adverte em sua epístola.
De acordo com as ideias desse filósofo, o Cristianismo seria, então, uma zona de conforto para o homem. Mas que espécie de conforto faria alguém sofrer açoites, ser lançado às feras, ser crucificado de cabeça para baixo, ser apedrejado, sofrer prisões, naufrágios... Nietzsche, provavelmente, nunca foi tentado, como cristão, e, assim, não sabe o que é uma guerra dentro de si mesmo. Isso é conforto? Ou quem sabe, ele nunca leu nem ouviu as palavras de Jesus Cristo: “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Pergunto-me novamente onde está o conforto de ser Cristão. E se o tal conforto fosse a vida eterna? Não seria incoerente ser refém de uma “mentira” e criar esperanças para algo que “sabe-se” ser impossível?
O problema dos preconceituosos acerca do Cristianismo é que sempre olham para os falsos profetas e nunca veem os que fazem a diferença e que são “sal da terra e luz do mundo”. Atesto ainda, que muitos cristãos foram mais importantes do que o tal filósofo, que só ficou conhecido graças às futilidades expelidas de sua boca. Além do mais, se Nietzsche não tivesse produzido sua obra, outro teria, contudo se Jesus não se doasse em uma cruz pela humanidade, alguém mais faria isso?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Por um Cristianismo inclusivo

 
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Durante todo o seu ministério Jesus gerou inúmeras polêmicas. Uma delas deu-se devido ao fato de ele, o filho de Deus sentar-se com pecadores. Uma visita a um publicano aqui, uma conversa com uma prostituta ali e o resultado era os "super santos" escandalizados. 

Talvez uma coisa que a igreja tenha dificuldades de entender desde os seus primórdios é que o Cristianismo é algo inclusivo, e a igreja como representante de Cristo na terra também deve se portar dessa forma. 

É difícil imaginar que Jesus, um ser completamente santo e limpo, desse um pouco da sua atenção a um cobrador de impostos que tentava simplesmente vê-lo; ou, quem sabe, não entre na sua cabeça que Jesus se importasse com uma mulher adúltera que estava prestes a ser apedrejada; também não é fácil desenhar na mente a imagem daquele homem puro oferecendo a água da vida para uma mulher de muitos maridos; e ainda, na hora da cruz, Jesus promete estar com um dos ladrões no paraíso. Ora, ele mesmo disse: "Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos e sim pecadores.

Jesus veio para ir em busca do ovelha perdida. Como pai, ele assemelha-se ao pai do filho pródigo. Julgue menos. Abrace mais.