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sexta-feira, 29 de março de 2013

As confissões do pastor Caio Fábio


Em visita à biblioteca particular de um amigo, me deparei com a autobiografia “Confissões do pastor”, de Caio Fábio. Nunca fui um grande leitor de biografias, nem tampouco de autobiografias, mas ler sobre Caio, sabendo que aqueles escritos ganharam forma com o seu próprio punho, parecia-me instigante. 
Conheci Caio Fábio em um momento que, em minha mente, havia uma grande crise acerca da identidade dos líderes religiosos. Conheci muitos padres, pastores e outros líderes, que sua maneira de viver não condizia com o título de seguidores de Cristo. Homens destruídos pelo próprio ego; julgavam-se semideuses, nem sempre com palavras, é verdade; viam-se superiores, em relação às suas ovelhas.
Nesse mar de questionamentos, que estavam matando a minha mente afogada em uma maré alta, conheçi, por internet, um pastor com uma linguagem clara, uma postura admirável e sem deixar de ser simples. Aliás, esse estilo próprio e autêntico foi o que, primeiro, me chamou a atenção, afinal de contas, era um pastor com cara de hippie. Foi uma admiração surreal à primeira vista, e, vale lembrar, que tudo isso aconteceu posteriormente aos escândalos envolvendo a sua figura.
Seu jeito, completamente diferente do estereótipo de pastor que foi importado, me cativou. Principalmente, porque não é nessa projeção midiática que enxergo a representação de um homem de Deus. Caio Fábio esteve na mídia, mas nunca se deixou moldar pelos padrões e valores desta ferramenta que por vezes é boa e outras, é alienadora.
Fiquei, acima de tudo, impressionado com a propriedade com que Caio narra sua própria história de vida. Em momento algum parecia que eu estava lendo, e sim, ouvindo a voz grave do Caio narrador. Isso me proporcionou uma emoção a mais, digo a mais porque emoção não faltou em nenhuma linha, sequer, da história do admirável pastor.
Toda essa emoção que brotava das palavras me fazia sentir uma sensação esquisita de mistura de opostos: vi na obra Romantismo e Realismo, objetividade e subjetividade. Caio deu voz ao sentimento, deixou ele mesmo falar bem alto, num sentimento tão penetrante que mesmo quando deixava a leitura, parecia continuar nela.
Identifiquei-me com várias partes da história de Caio e, tive a sensação de chegar a um ponto que minhas experiências de vida e limitaram diante das tantas do pastor. Isso também me trouxe o sentimento de prever alguns pontos que ainda estão por vir na minha vida. Vi-me no adolescente rebelde, que Deus livrou tantas vezes e, também, no jovem renovado e inflamado pelo amor de Cristo. Além disso, fui direcionado, pelo livro a buscar e valorizar os desvalorizados. Deslumbrei-me com os sermões que foram pregados em penitenciárias de segurança máxima; com as ações nas favelas; com a Fábrica de Esperança, com a VINDE e, sem dúvidas, com a coragem, que desafiou políticos, religiosos (inclusive os da sua denominação e de outras) e traficantes.
Como leitor, o que mais temo é me decepcionar com a obra que me proponho a ler. Com certeza esse não é o caso das emocionantes confissões de Caio Fábio.

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